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terça-feira, 20 de outubro de 2009

CAVALO ENXUTO
(Moacyr dos Santos/Lourival dos Santos)


Eu tenho um vizinho rico


Fazendeiro endinheirado

Não anda mais a cavalo

Só compra carro importado



Eu conservo a minha tropa

O meu cavalo ensinado

O fazendeiro moderno

Só me chama de quadrado

Namoramos a mesma moça

Veja só o resultado



Um dia a moça falou

Pra não haver discussão

Vamos fazer uma aposta

A corrida da paixão

Granfino corre no carro

Você no seu alazão



Eu vou pra minha fazenda

Esperar lá no portão

Quem dos dois chegar primeiro

Vai ganhar meu coração



Ele calibrou os pneus

Apertou bem as arruelas

Eu ferrei o meu cavalo

Que tem asas nas canelas

O granfino entrou no carro

Pulei em cima da sela



Ele funcionou o motor

E fechou bem as janelas

Chamei o macho na espora

Bem por baixo das costelas



Eu entrei pelos atalhos

Pulando cerca e pinguela

Quando terminou o asfalto

Ele entro numa esparrela

Numa estrada boiadeira

Toda cheia de cancela



Cheguei no portão primeiro

Dei um beijo na donzela

Quando o granfino chegou,

Eu já estava nos braços dela



O progresso é coisa boa

Reconheço e não discuto

Mas aqui no meu sertão

Meu cavalo é absoluto

Foi Deus a natureza

Que criou esse produto



Essa vitória foi minha

E do meu cavalo enxuto

A menina hoje vive

Nos braços deste matuto

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